Quem já foi em uma consulta nutricional já deve saber: vamos falar sobre o seu cocô (e não precisa ter vergonha, tá?!).
Olhar para a saúde intestinal é essencial para estabelecermos uma boa conduta nutricional, Afinal de contas, já se sabe que o que acontece no intestino pode impactar na sua saúde (ou doença) como um todo, e as funções do intestino vão muito além da absorção de nutrientes.
Sentir dor ou desconforto abdominal, intestino preso ou solto demais, muitos gases e/ou muco nas fezes... nada disso é normal, e se ocorrem com frequência, é importante consultar também um médico gastroenterologista, OK?
Então vamos lá entender mais sobre essa doença chamada Síndrome do Intestino Irritável?
O que é síndrome do intestino irritável?
A síndrome do intestino irritável (SII) é uma das desordens que afetam o intestino!
O desconforto abdominal frequente é uma das principais características dessa síndrome, e geralmente está associado com o alívio da dor após a evacuação, ou mesmo com o início da dor logo após alterações no padrão de evacuação (frequência e formato).
A SII pode ter períodos de atividade e de remissão. Nos períodos ativos, os sintomas são mais graves, gerando muito desconforto e mal-estar. Dentre os sintomas que estão presentes nessa fase estão:
· urgência para evacuar
· sensação de evacuação incompleta
· fezes duras ou caprinas
· menos de 3 evacuações por semana
· + de 3 evacuações por dia
· sensação de plenitude (saciedade, às vezes sem ter se alimentado)
· distensão abdominal e gases
Na remissão, o paciente não apresenta sintomas, mas isso não significa que nessa fase ele(a) deva abandonar o tratamento. Pelo contrário, o tratamento tem como objetivo mantê-lo pelo maior tempo possível em remissão!
Será que eu tenho Síndrome do Intestino Irritável?
O diagnóstico da SII deve ser feito por um médico gastroenterologista.
Passar por uma avaliação aprofundada é importante para descartar outras possibilidades, já que esses sintomas são bem comuns e podem indicar outras doenças também, como Retocolite Ulcerativa, Doença de Chron, Câncer colorretal, Disbiose intestinal, Parasitoses, além de problemas como o supercrescimento bacteriano.
O que causa a síndrome do intestino irritável?
A origem da SII ainda é pouco compreendida, mas sabemos que vários fatores estão relacionados à doença, como: alteração na motilidade intestinal, hipersensibilidade da mucosa intestinal, intolerâncias alimentares, inflamação intestinal, e também alterações da própria microbiota intestinal. Existe ainda uma relação da SII com o metabolismo da serotonina que acontece na mucosa do intestino.
A saúde mental também é uma parte importante do quebra-cabeças da SII, e essa relação entre intestino e cérebro é chamada de eixo intestino-cérebro. Na SII, nota-se que muitas pessoas também apresentam doenças relacionadas à saúde mental (ansiedade e depressão, por exemplo), o que chamamos de comorbidades.
Além disso, quem tem SII já sabe... o estresse psicológico tende a piorar muito os sintomas!
Como funciona o tratamento?
Até aqui você já deve imaginar que o tratamento da SII tem que ser multidisciplinar, não é?
O paciente com SII deve ter acompanhamento do médico gastroenterologista, além de psicóloga(o), nutricionista, e psiquiatra.
A dieta, é claro, tem um papel fundamental nesse tratamento, pois ela pode servir tanto como gatilho para piora dos sintomas, e para ajudar a atingir a remissão. Vamos entender como ela vai ajudar no tratamento?
Como é o tratamento nutricional para a síndrome do intestino irritável?
O tratamento da síndrome do intestino irritável envolve diferentes fases, e vai variar muito de acordo com os sintomas apresentados. A parceria nutricionista-paciente tem que ser forte, pois nem sempre vai ser um tratamento fácil, e ele pode envolver restrições alimentares em determinadas fases.
Nosso objetivo através do tratamento nutricional é induzir e manter a remissão dos sintomas, através de todas as estratégias abaixo:
- Identificar, reduzir/excluir alimentos que levam à piora dos sintomas (aqui nós trabalhamos com protocolos específicos para identifidá-los, como por exemplo a dieta FODMAPs).
- Diminuir o processo inflamatório intestinal e melhorar a barreira mucosa do intestino (a saúde da parede do intestino)
- Favorecer a digestão adequada, da mastigação até a evacuação (uma boa digestão e absorção de nutrientes é fundamental para que a formação do bolo fecal ocorra de forma adequada e para diminuir o processo de fermentação, responsável pela formação de gases)
- Favorecer uma microbiota saudável através de alimentos, prebióticos e probióticos (o padrão da microbiota intestinal também pode ser responsável por gerar ainda mais inflamação e mais fermentação, e sintomas por consequência).
- Garantir um aporte nutricional adequado, prevenindo deficiências nutricionais que podem ocorrer principalmente em decorrência da má absorção intestinal de nutrientes.
- Ensinar o paciente como adaptar a alimentação em caso de diarreia, flatulência, constipação (intestino preso) ou na exacerbação de outros sintomas.
Com tantos objetivos em mente, é importante entender que durante o tratamento precisamos reavaliar o paciente e seus sintomas constantemente, para a adaptação e evolução das estratégias adotadas,
Com um bom acompanhamento, é possível desenvolver a autonomia do paciente para que ele aprender a conviver com a doença com mais qualidade de vida!
E aí, ficou com alguma dúvida sobre a dieta para a SII? Comenta aqui embaixo que eu ainda vou escrever mais sobre isso!
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